LaPalisse
terça-feira, outubro 07, 2003
Yupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii !!!
E quem não salta, não tem um blogue!!! E quem não salta, não tem um blogueeeee!!! Blo - gue, blo - gue, blo-gue!!!
Voltei! Tiveram saudades?
Eu tive muitas saudades vossas, estava a ver que o tribunal nunca mais despenhorza... não... despenhava... não... (esperem aí, vou ali perguntar ao tio Zé e à Nani) despenhorava, é isso! que o tribunal nunca mais despenhorava o restaurante do meu pai e o meu computador e os telemóveis e a internet.. e tudo! Vivaaaaaaaaaaaaa! Viva o tribunal!
Parece que a viagem que nós fizemos à França foi um bocadinho cara e depois, como nós até só fomos para o casamento da minha prima Armelle com o Patrick e ficámos um mesinho, o banco zangou-se com o meu pai e aqueles senhores de gravata vieram sobre a nossa casa e penhoraram tudo, até a minha mochila nova. « Oh, que porra!... » - disse eu - « Agora que eu era 100% feliz, eles decidiram destruir o meu sonho! Como é que agora eu vou poder ser jornalista, autora de músicas, apresentadora de televisão, actriz, super-modelo e trabalhar num laboratório? Sim, como é que se consegue sem a internet? E o que é que o banco tem a ver com a vida dos outros?...». Eu gritava que aquilo me enervava muito e que não podia viver sem o meu blog, principalmente desde que o Juca me tinha abandonado pela parva da Bianca e dizia que qualquer um pode fazer as férias que quiser e onde quiser e levar a família toda, principalmente se vai emigrar p'ra França dali a um mês e se há na família quem tenha tratado dos passaportes e dos bilhetes e que levavamos os amigos que nós quiséssemos e tudo! Os senhores do banco olharam para mim, olharam um para o outro e deram aos ombros e continuaram a fazer contas na calculadora. A minha mãe disse que eu tinha muita imaginação e perguntou se não se podia penhorar também os filhos, principalmente se eles forem uma miúda pequena, pré-adolescente e cheia de manias chamada Alice... Eu fiquei muito ofendida, mas depois, pensei que se mandassem para essa tal "Penhora", isso podia ser um passaporte para a minha vida artística e perguntei aos senhores se em "Penhora" havia agentes e "manaigers" e disse que me levassem também com a mobília. A senhora do banco disse que ia apresentar queixa dos meus pais por abusos psicológicos ou lá o que é isso. A minha mãe abraçou-me logo e disse que estava a brincar, vai daí, eu perguntei se o abraço queria dizer que eu já podia jantar logo à noite e dormir em cima da cama e poder tomar banho outra vez e disse-lhe que não me apertasse, senão as nódoas negras iam doer mais... A senhora do banco ficou muito amarela, arregalou os olhos e quando a minha mãe se levantou para lhe explicar, a senhora gritou, saltou para trás e deu-lhe uma pézada no peito como fez o Marco do Big Brother I e disse, enquanto dava saltinhos pela casa que sabia muito de FuleContácte. Eu perguntei ao tio Zé se "fule" não era tolo em inglês ( a minha setôra ainda não nos ensinou essa palavra, mas eu vi nos filmes do Vandáme) e depois como "Contácte" quer dizer "com tacto", então é um contacto com tolos, e fiquei com um bocado de medo da senhora. Vai daí, o tio Zé disse que aquilo era uma arte "marciana" e perguntou à senhora onde tinha aprendido, a Nani disse-lhe que não assedizificasse a senhora que tinha idade para ser avó dele, o meu avô perguntou logo se a senhora tinha mais de 55 anos começou a enroscar as pontas do bigode, o Black e o Decker, os nossos cães começaram a rosnar, o meu irmão saltava e dizia « Ó paie, também quero aprender a lutar com tacto! Deixa-me fazer a matrícula, eu subo as notas e nunca mais ponho piónéses na cadeira da presidente da escola! Deixa-me lá... ». No meio daquela confusão toda, apareceu o homem do talho com aquela faca enorme e o avental cheio de sangue e perguntou ao meu pai: « - Então, pá, onde é que estão os pombos de gravata para a matança? ». Os senhores do banco, ao ouvir aquilo, gritaram e saíram lançados pela porta das traseiras do nosso quintal, o meu pai a dizer que era um pequeno mal entendido, o avô a sorrir para a senhora que se encontrava em posição de ataque, um pé mais à frente, como o Bruce Lee no poster do quarto do tio Zé, a gritar como um gato, as mãos prontas a partir cinco tijolos « Ááiiii- á! », a saia de preguinhas até desfez as vincas e o penteado dela estava todo do avesso, a tia Nani a dizer ao tio Zé que não lhe admitia cenas de ciúmes, ele só dizia que ela estava a confundir tudo, a minha mãe dizia-me que ia ajustar contas comigo mais logo, o homem do talho com o palito entre os dois dentes da frente, ria-se e dizia que nem sabia que havia lá uma festa, senão tinha vindo mais cedo e tirado o avental e eu, muito cansada, saí para a garagem e fui dar uma volta de bicicleta. Os adultos são muito complicados...
O que vale é que amanhã posso ir para a escola e esquecer que a minha família é disfarcional... não... disfru... não... tenho de perguntar ao tio Zé como se diz lá na universidade dele que uma família não funciona lá muito bem... Agora vou ali fazer os tpc's de oito disciplinas a ver se me esqueço e não fico traumaestigmatizada.
Até qualquer dia, blogosfera, que eu não sei se vou ter computador tão cedo, agora que a polícia passou lá em casa e levou toda a gente presa, até o avô... O tio Zé que arranja desculpas fixes disse que estava com um esgotamento de estudar muito e a Nani disse que tinha de lhe administracizar a medicamentação ou lá o que é isso. Bem, agora vou trabalhar e preencher ali uns papeizinhos para concorrer aos Ídolos, que agora sem televisão, tenho que ver como é aquilo assim mesmo em pessoa. Vai ser fixe, aquele juri é bué curtido! Vou ver as roupas da Nani quando ela adormecer e escolher uma tuáléte colossal! Vai ser o meu lançamento mundial!
... O que será o almoço amanhã?...
Estudem e façam os tpcs todos e durmam sempre oito horas e comam cereais e iogurtes com muesli que é bom para a nossa geração desencantada, como canta aquela menina que imita a Mylène Farmer e diz "Gé-né-ratio-o-on Dé-sen-chan-tée-eee".
Será que os senhores vão empenhorizar o meu leitor de cds portátil? Nãããããoooooooooooo, nem pensem! Vou enterrá-lo no quintal e só oiço música à noite, quando os senhores do banco estiverem a dormir...
Chau, amigos! Obrigada por escreverem meiles tão fixes e gostarem de mim tanto, tanto que até gostam mais de mim que a minha família e os meus cães. Eu também gosto muito de vocês! Por isso é que ninguém me chama Alice na escola, dizem logo « - Shhht, pá, calem-se que vem ali a Lapa!... Que raio de cola! Que lapa! Fôsga-se...».
Mas a vingança é um grande prato de onde se come ao frio e a justiça falta mas não tarda e o meu braço é mais longo que o dela. Eles todos vão ver quando eu for famosa, ai vão, vão! Hei-de passar na minha limuzine e molhá-los com as poças de água, como se faz aos nossos arquinimigos fidagaizes! Ai hei-de, hei-de, ou eu não me chame Lapa, Alice Lapa!